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OS ODORES DA BOCA
Cida Morais e Dilene Ferreira
Você tem mau hálito? Se a resposta for sim, não fique envergonhado ou constrangido, pois você não está sozinho. Estima-se que 30% da população têm o problema, mesmo sem perceber. Existem mais de 50 causas diferentes que, se diagnosticadas e tratadas, podem colocar um fim aos odores desagradáveis exalados pela boca.
A cirurgiã dentista Jacqueline Chaves Duarte Palhares, especialista em halitose (nome
científico dado ao mau hálito) explica que 90% dos casos têm origem
bucal. Uma das causas mais comuns é a diminuição na quantidade de
saliva, que facilita a formação da saburra lingual, uma camada bacteriana
esbranquiçada que adere à parte superior da língua, provocando o mau
cheiro. Outras causas de origem bucal são os problemas periodontais (na gengiva),
má higiene e cáries profundas.
Também são causadores da halitose doenças como a rinite, sinusite,
diabetes e prisão de ventre, além do uso de certos medicamentos. O stress,
taxado como doença do homem moderno, é outro fator importante. As pessoas
estressadas reduzem o fluxo salivar, provocando o ressecamento da mucosa da boca e a
conseqüente formação da saburra lingual.
O fato da pessoa ficar muito tempo sem se alimentar também facilita o aparecimento do
mau hálito, mesmo naqueles indivíduos que não têm a halitose
crônica. Isso porque, o organismo entra em hipoglicemia e, assim, cai o nível
de açúcar na corrente sangüínea, dando início a um processo
de queima de gordura que libera gases malcheirosos.O ideal é que a pessoa se alimente
em intervalos de no máximo quatro horas.
Entre as mais de 50 causas do mau hálito, nenhuma está relacionada ao
estômago que, durante muito tempo, foi apontado injustamente como o grande
vilão da halitose. "Isso não passa de um tabu", comenta a
cirurgiã-dentista.
Tratamento ao alcance de todos
Hoje em dia existe tratamento para o mau hálito e só continua com o problema
quem quer”, garante Jacqueline Palhares, ressaltando que há até um
aparelho (o Halimeter) que mostra se o paciente é portador da halitose e em que grau.
O importante é diagnosticar a causa. Se o problema estiver relacionado à
diminuição da saliva, o tratamento é feito à base de
medicamentos e orientações para aumentar o fluxo salivar. Se for provocado
pela má higiene bucal, nada como uma boa sessão de limpeza dos dentes.
Se, por outro lado, a halitose tiver como origem alguma doença específica, um
especialista da área saberá indicar o tratamento adequado. Fazendo a
correção indicada, o odor desagradável desaparece.
Normalmente, o portador do mau hálito não sabe que tem o problema porque se
acostuma com aquele cheiro constante. As células do nariz entram em processo de
fadiga olfatória e o portador nem se dá conta do mau cheiro. "Normalmente as
pessoas ficam constrangidas em tocar no assunto, mas estariam prestando um favor ao portador
da halitose em alertá-lo, porque ele, com certeza, desconhece a existência do
problema", ensina a cirurgiã-dentista. E, para as pessoas que suspeitam estar
com mau hálito, Jacqueline tem um receita muito simples: "Perguntem a uma
criança, que sempre é muito franca."
"Denúncias" pela Internet
Milhares de pessoas, em todo o Brasil, já receberam recomendações para
tratamento do mau hálito após terem sido “denunciadas” à
Associação Brasileira de Estudos e Pesquisas dos Odores da Boca (ABPO).
“Você não precisa ficar constrangido para informar ao seu amigo que ele
tem mau hálito. A ABPO faz isso por você”. Com esta mensagem, a entidade
vem prestando um serviço, pela Internet, que consiste em comunicar pessoas que
sofrem desse problema.
O serviço é gratuito e funciona da seguinte forma: quem quiser fazer uma
"denúncia" envia à Associação os dados do portador da halitose
(nome, telefone, endereço, e-mail) através site www.abpo.com.br. A entidade
manda, pelo Correio ou pela Internet, uma carta ao denunciado explicando a necessidade de
tratar o mau hálito. O nome de quem faz a denúncia é mantido em sigilo.
Além de comunicar o portador de mau hálito, a idéia é estimular
as pessoas a procurarem tratamento. Na carta, a Associação também se
mostra disposta a fornecer ajuda para indicar um profissional. Jacqueline Palhares
aprova o serviço e afirma que ela mesma já foi procurada em seu
consultório por pessoas que foram "denunciadas" pela Internet.
Algumas medidas simples e práticas podem evitar o mau hálito.
Confira: